
Por Mário Grieco*
Conflitos na empresa são como uma doença crônica, ou até pior: como um câncer talvez... As pessoas geralmente não gostam muito de falar a respeito. Mas a verdade é que eles invadem a organização, muitas vezes com um poder destrutivo tão grande, capaz de afetar direta e profundamente os resultados da companhia como um todo.
Podem decorrer da falta de visão global da empresa, quando, por exemplo, a área de vendas determina uma meta sem considerar a disponibilidade da área de produção. Ou vice-versa. A falta de entrosamento entre as pessoas também pode gerar conflitos, bem como a ganância por cargos e promoções.
É muito comum a imediata formação de grupos adversários que crescem em número e força de forma rápida, progressiva. O mais preocupante é que isso nada traz de benéfico para a companhia ou para cada um dos colaboradores. Ao contrário: esses grupos perdem tempo e o foco com aquilo que não é de fato importante.
Em um ambiente em que há conflitos, as decisões são geralmente mais demoradas. Muitas teorias indicam que os conflitos dentro das empresas são inevitáveis uma vez que estão relacionados com a diversidade das pessoas, com os processos de comunicação e com o comportamento individual. Eu discordo totalmente!
No mundo corporativo as particularidades de cada um resultam em percepções, expectativas e princípios distintos o que, por sua vez, pode levar a divergências que são totalmente solucionáveis. |
O fato é que conflitos não devem existir. Mas quando aparecem, precisam ser administrados e de forma eficaz. Caso contrário, trarão para a organização problemas sérios e dos mais variados tipos. Líderes têm papel fundamental nesse processo de estabilização. Cabe a eles conhecer os membros de suas equipes e atuar com coragem diante de problemas organizacionais e de posturas pessoais dificultadoras que possam gerar situações de conflito.
Um líder não pode e não deve aceitar que conflitos se instalem na companhia, nem muito menos podem achar que eles serão solucionados naturalmente, com o passar do tempo. Deve, portanto, agir proativamente, mediando a questão e ajudando a buscar a alternativa que sane em definitivo o problema.
Quando compartilhamos idéias e nos dispomos a escutar o que os outros têm a dizer, passamos a lidar com a situação e com um eventual problema de forma diferente. E é justamente esse o primeiro passo para se evitar uma situação conflitante e também para se chegar a uma saída eficaz.
Uma outra boa dica é cuidar do relacionamento com as pessoas. Cada um tem um estilo diferente de trabalhar, pensar, falar, expor suas idéias e defender seus princípios. O segredo está em saber avaliar esses diferentes perfis e considerá-los no momento de discutir ou debater um ponto qualquer. Com esse retrato em mãos, é muito mais fácil lidar com as diferenças, respeitar o outro e encontrar a solução.
Se ambas as partes envolvidas em um problema estiverem dispostas a entender o que está acontecendo, a discutir com maturidade e a respeitar as opiniões alheias, com controle sobre o lado emocional, meio caminho já terá sido andado. Alcançar a solução definitiva é só uma questão de tempo.
(*) Mário Grieco é presidente da Bristol-Myers Squibb Brasil e professor da Business School São Paulo. |